O PERDÃO E O AUTOPERDÃO
O conceito
de perdão , segundo o Espiritismo , é idêntico
ao do Evangelho , que
lhe é fundamento :
concessão , indefinida ,
de oportunidades para
que o ofensor
se arrependa, o pecador se recomponha, o
criminoso se libere do mal e se erga, redimido, para
a ascensão luminosa .
(Equipe FEB, 1995)
Reconciliação
– do lat. reconciliato, de reconciliare, constituído por
re = prefixo iterativo + conciliare = conciliar , trazer a um acordo significa, restabelecimento de relações
ou de acordo
entre duas pessoas
que se haviam desentendido. (Pequena Enciclopédia
de Moral e Civismo )
Podemos enganar
o mundo , ludibriar
o nosso semelhante ,
esconder-nos por traz das aparências , mais
jamais conseguiremos enganar ,
ludibriar ou nos esconder da nossa consciência ....
É no subconsciente que
estão inseridos todos os acontecimentos passados
e os do futuro que
ainda vamos viver .
É através
dele que somos levados
a estar exatamente
no lugar certo ,
na hora certa
e com as pessoas
certas , a fim
de atender às nossas necessidades
evolutivas.
É ainda nele que
estão gravados os nossos merecimentos e
os nossos impedimentos ,
levando-nos a agirmos quase que
automaticamente em direção
das provações e experiências
necessárias ao nosso crescimento .
É o nosso
cordão umbilical ligando-nos ao Criador! É também através
dele que acessamos a suprema inteligência que atua no universo
cósmico de onde podemos subtrair
valiosos conhecimentos
de forma intuitiva.
O consciente se restringe apenas
ao presente . O subconsciente ,
além de abranger
o presente , abrange o passado
e o futuro! Na verdade , é o nosso
super consciente!
É nesse escaninho maravilhoso
da nossa mente
que Deus
está presente com
o Seu amor ,
com a Sua
justiça e com
a Sua misericórdia .
O perdão de Deus
está presente a cada
encarnação que
Ele nos
concede, para reavaliarmos nossas atitudes
e gozarmos da valiosa oportunidade de recomeçarmos onde
paramos, ou reconstruirmos o que , impensadamente ,
destruímos no passado .
Considerar-se injuriado depende também de nosso
estado emotivo ,
de nossa situação
financeira , do nosso
estresse . Uma pessoa
desempregada pode se sentir ofendido simplesmente porque
a outra lhe
manda trabalhar .
A MORTE NÃO NOS LIVRA DOS INIMIGOS
De acordo
com os pressupostos espíritas ,
a morte não nos livra dos nossos inimigos ,
pois eles
continuam vivos além-túmulos .
Acontece que a ausência
da vestimenta física
é um elemento
de maior facilidade
para o ataque mental , isto é, através das interferências
em nossos
mais secretos
pensamentos .
PERDOAR
É ESQUECER?
A diferença
está naquele que realmente
perdoa e consegue libertar-se daquela parte
pesada da lembrança
a ponto de não
mais sofrer
ao relembrá-la.
É difícil
sim , porque
somos seres ainda
muito imperfeitos , com
muito orgulho
e egoísmo , que
nos dificultam o relacionamento entre as pessoas .
Temos grande
dificuldade em colocarmo-nos no lugar
do outro , procurando perceber
os sentimentos e emoções
que o levam à ofensa .
Muitas pessoas nem se conscientizaram da importância
e da necessidade dessa ação
para o conhecimento
de si mesmas e dos outros .
Temos dificuldades
imensas em comunicarmo-nos, uns com os outros , de forma clara , expressando objetivamente
nossos
Vivemos durante
inúmeras reencarnações considerando o perdão , a indulgência ,
a bondade como
expressões de fraqueza ,
de covardia .
Entendíamos um
dever vingarmo-nos sempre
que nos
julgássemos ofendidos.
Melindramo-nos, tão facilmente, por
tão pequenas
coisas , com
as pessoas com
as quais convivemos e até com as que amamos!... Por
quê?
Gostaríamos que
todos nos
julgassem pelas nossas boas intenções
e não
pelas nossas atitudes e ações equivocadas. Porém ,
nós também ,
em relação
aos outros , não
nos esforçamos em
compreender as suas dificuldades , os seus
sentimentos e, queremos deles atitudes e ações
que consideramos ideais ,
mas que
ainda estão distantes
de ser desenvolvidas por nós ,
em nós .
POR QUE
DEVEMOS PERDOAR?
A primeira
razão para perdoar encontra-se na constatação
de que todos
nós ainda
somos imperfeitos .
Outras razões
são a de que
devemos perdoar
para facilitar a convivência , o
relacionamento entre nós e os outros .
Todos desejamos
ser felizes , viver
e trabalhar em
ambientes agradáveis ,
harmoniosos que
proporcionem prazer , satisfação ,
paz e o perdão
recíproco , fraterno ,
de quem compreende que
todos cometemos erros e, portanto ,
precisamos de indulgência , este perdão é o
elemento capaz
de transformar qualquer ambiente
conturbado em ambiente
prazeroso .
Vivemos em
um mundo
de ondas e vibrações que se cruzam, se atraem, se repelem
conforme suas
semelhanças e diferenças . Todo sentimento
negativo , da tristeza
ao ódio , pelas vibrações
tensas e opressas que emitem, atraem outras semelhantes ,
de encarnados e desencarnados.
Devemos perdoar
sempre porque
o perdão , mesmo
quando unilateral , desfaz o sentimento
de animosidade . E no decorrer
do tempo , na convivência
nesta existência ou
em futuras, através
dos laços que
se entrelaçam, o perdão terá sido a chave que abriu
a porta do coração
à amizade , ao relacionamento afetuoso , transformando adversários
em amigos .
Precisamos conseguir
a consciência da necessidade
do amparo mútuo e o perdão
no dia-a-dia oferece ao que perdoa e ao perdoado a oportunidade
de refletir sobre
quem é, porque
está aqui e para
onde vai. O perdão
no dia-a-dia leva-nos à humildade de reconhecermo-nos todos
iguais , na origem
e na destinação, nas possibilidades do desenvolvimento
do nosso potencial ,
com as mesmas dificuldades
de aprendizado .
Se alguém
nos ofende, não
o faz por maldade ,
mas por
ignorância , significa, que
quem nos
ofendeu ignora, ainda não aprendeu a lição
do respeito .
Sendo assim ,
haveremos de aceitar as pessoas
como elas
são ; cheias
de virtudes e defeitos .
Não há perfeição ,
ainda somos imperfeitos .
Vamos sair
da ilusão de que
os outros devem ser
perfeitos ,
Sabem por
quê? Porque se iludiram com ela ,
pensando que esta seria perfeita o tempo
todo . Provavelmente, notaram muitas virtudes
e aí passaram a imaginar
que aquela pessoa
era um
“anjo caído
do céu ”, mas
quando esta mostrou os seus defeitos , veio a desilusão, o engano ,
a decepção . Aí
muitos dizem que
não conseguem perdoar
porque estão muito
magoadas. Porém , o problema
não está no outro ,
pois era previsível que por mais especial que esta pessoa fosse, um dia acabaria
agindo de forma diferente
daquela que esperávamos. O erro
está em nós ,
que não
aceitamos as pessoas como elas são .
É uma luta
interna , invisível
aos olhos alheios ,
por vezes
muito difíceis e tanto mais difícil se
torna para a pessoa dominada pelo orgulho e egoísmo .
AS RAZÕES LÓGICAS PARA O EXERCÍCIO DO PERDÃO
1) a reação
é um direito
que não
pertence ao homem ,
mas só
a Lei de Deus ;
2) se desejamos justiça , estejamos certos :
a reação da Lei
é muito mais
poderosa que
as nossas.
3) Com
nossa reação
humana não
afastamos e nem apagamos o mal , a não ser na aparência e
provisoriamente, porque não eliminada a sua
causa ele
voltará para nós .
O correto
seria agir da seguinte
forma :
1) renunciar à vingança ;
2) perdoar a ofensa ;
3) esquecer de exigir justiça .
Se esquecermos de exigir
justiça para
o nosso caso
particular , ele
acabará pertencendo à Lei e ficaremos livres de qualquer
dívida .
(Ubaldo, 1982, p. 196-204)
AUTO-PERDÃO
Uma das fontes de auto-agressão vem da busca
apressada de perfeição
absoluta , como
se todos devêssemos ser
deuses ou
deusas de um momento
para outro . Aliás , a exigência
de perfeição é considerada a pior
inimiga da criatura ,
pois leva a alma a uma constante
hostilidade contra
si mesma ,
exigindo-lhe capacidades e habilidades que
ela ainda
não possui.
Se
lutamos conosco nos
condenando, exigindo de nós mesmos atitudes
que estão acima
das nossas forças , podemos estar apenas nos punindo, o que não será produtivo .
No entanto , se nessa luta interior
reconhecemos as nossas limitações e nos dispomos a caminhar , com confiança , progredindo,
corrigindo as próprias atitudes na medida das nossas forças
e apoiados na fé , então ,
sim , estamos nos
concedendo o auto-perdão.
O sentimento
de culpa é altamente
prejudicial , pois ,
inconscientemente , passamos a nos
punir durante
toda a nossa
vida , gerando distúrbios
de comportamento , tais
como :
Muitas das doenças
congênitas como paralisias ,
mudez e outras deficiências ,
quase sempre
têm aí as suas
origens , inclusive
alguns casos
de câncer que
se manifestam ao longo da existência física .
É ainda , nesse processo ,
que surgem o estigma
e a zoantropia.
A autopunição
fragiliza o espírito e abre caminho
para a ação do obsessor,
o auto perdão
a auto compreensão ,
permite que o espírito
reúna as suas forças
e abra o caminho para
o auxílio externo .
Da mesma forma que aprimoramos o nosso
senso de justiça ,
ampliamos o nosso amor ,
deixamos de nos punir
com o sofrimento e passamos a usar a caridade e o amor ao próximo para cobrir a multidão dos nossos
pecados .
A
auto-punição se acentua no período noturno , quando deixamos nosso corpo entregue ao devido
descanso e assumimos temporariamente nossa super consciência .
Perdoar-nos
resulta no amor a nós
mesmos – o pré-requisito
para alcançarmos a plenitude
do “bem viver ”.
Perdoar-nos
é não nos importar como
o que fomos, pois a renovação está no instante presente ; o que importa é como
somos hoje e qual
é nossa determinação
de buscar nosso
progresso espiritual .
Perdoar-nos
é conviver com
a mais nítida
realidade , não se distraindo
com ilusões
de que os outros
e nós mesmos
“deveríamos ser ” algo
que imaginamos e fantasiamos.
Perdoar-nos
é compreender que
os que nos
cercam são reflexos
de nós mesmos , criações
nossas que materializamos com nossos pensamentos e convicções
íntimas.
Concluímos que ,
quem não
perdoa, carrega consigo , no mundo extra-corpóreo, a sombra
e o remorso .
O Homem
Integral – Divaldo p. Franco
O Consolador
– Francisco Cândido Xavier
Renovando Atitudes
- Hammed
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