O EXERCÍCIO DO AMOR AO PRÓXIMO



O amor ao próximo será sempre decorrência natural do autoamor.
Quem se auto ama, enche-se de amor e sente, em razão disso, vontade de multiplicar esse amor com outras pessoas.
Repletos de amor, oferecemos o amor de forma incondicional ao nosso próximo.
Ao darmos amor, esse amor nos nutre e mesmo que, ao amar o próximo, este não nos retribua o amor, podemos continuar amando, pois a fonte do autoamor só depende única e exclusivamente de nós mesmos.
Jesus aborda a respeito desta questão em Mt. Cp.10 : 12 e 13: E quando entrardes nalguma casa, saudai-a; [...] E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz
Essa recomendação do Cristo, é a essência do amor cristão, incondicional.
Nós oferecemos o nosso amor e a nossa paz aos outros e queremos receber retribuição.
Quando oferecemos amor a alguém que não é digno do nosso amor, esse amor, como é uma energia, não encontrando receptividade, estará, após beneficiar indiretamente o outro, retornando para a fonte emissora: torne para vós a vossa paz, pois a energia jamais se perde.
Por isso não nos devemos preocupar com o fato de receber de volta o amor.
No entanto, se oferecemos amor a alguém digno do nosso amor, esse amor ao encontrar receptividade ecoa, ressona no outro, se potencializa com o seu amor e retorna potencializado para nós: se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz, com isso o nosso amor se amplia ainda mais e nos felicita.
Vede, pois, como ouvis, porque a qualquer que tiver será dado. L. cp. 8 : 18
O que diz Joanna de Ângelis:
Jesus, ao sugerir o amor ao próximo como a si mesmo, após o amor a Deus, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, de modo a plenificar-se como o que é e tem, multiplicando esses recursos em implemento de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocupação de receber resposta equivalente.[...] O  homem solidário, jamais se encontra solitário.[...] O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.[...] “O homem integral pg. 27. “
Devido o desvirtuamento da proposta cristã no que tange à obrigação de se amar o próximo, anulando a si mesmo, muitas das ações ditas amorosas com relação ao próximo na realidade são ações de pseudoamor.
A essência do amor ao próximo pode ser resumida em Mt. Cp. 7 : 12: Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhe também vós, porque esta é  a lei e os profetas.
Para fazer ao próximo o que queremos que nos façam é necessário o desenvolvimento da consciência.
Vejamos a questão 621 e 621-a de L.E.:
Onde está escrita a lei de Deus?
Na consciência.
a)    – Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser revelada?
[...] Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe lembrada.
Está bem claro que nós trazemos em nossa própria consciência as leis de Deus, contudo nós as esquecemos e desprezamos.
Na fase de inconsciência relativa, o ser humano vivencia intensamente o desamor por si mesmo e, consequentemente pelo próximo. Os sentimentos do egoísmo, egocentrismo e orgulho chegam ao auge.
L.E. – Qual o maior obstáculo ao progresso [...] O orgulho e o egoísmo
Muitas vezes achamos que uma pessoa que cultiva o egoísmo ama a si mesma, pois querem tudo para si. Na verdade o egoísmo representa o culto ao próprio Ego.
O egoísta cria uma energia negativa em torno de si mesmo que o isola dos outros. Esse isolamento deixa o egoísta tão mal que, por inveja e despeito, ele que que os outros também fiquem mal para que ele acredite estar bem.
“Consideremos o egoísmo como a doença original do Ser. Ninguém escapou de experimentá-lo na espiral do crescimento. Até certa etapa, foi impulso para frente. Depois, quando a racionalidade permitiu a capacidade de escolher, tornou-se a matriz nosológica (estudo que trata da classificação das doenças) das dores humanas, transformando-se no hábito doentio de atender aos caprichos pessoais.
A "centralidade" do homem no ego estruturou a arrogância - sentimento de exagerada importância pessoal.” Livro: Escutando Sentimentos – Introdução (Esta introdução foi escrita no Hospital Esperança e transcrita pela autora espiritual Ermance Dufaux através da psicografia médium Wanderley S. de Oliveira)
Diferentemente a pessoa que se auto ama, de fato deseja o seu bem-estar, mas deseja, também, que todos desfrutem desse bem-estar.
Com diz Kardec no comentário à questão 917
O Homem deseja ser feliz e natural é o sentimento que dá origem a esse desejo.
Essa felicidade é resultado do autoamor, gerador da fraternidade e da caridade, que conduz o ser humano a um estado de consciência tal, que o leve a perceber que, somente proporcionando a felicidade aos outros é que estará verdadeiramente conseguindo a própria felicidade.
Enquanto este estado de consciência não é alcançado o que dita as relações sociais é o egoísmo, produzido pela inconsciência ou pseudoaltruismo, pela ansiedade de consciência.
Durante largo período o ser humano estagia no cultivo das questões egoicas em razão de sua ignorância.
Esta fase de seu desenvolvimento espiritual é caracterizada por uma relativa inconsciência, pois ele deliberadamente a embota, fazendo com que o egoísmo determine as suas relações com o próximo.
A vinculação com outras pessoas será caracterizada pelo desamor, produzindo em nós a indiferença ou a crueldade em relação aos outros.
Na conexão com o desamor, cultivamos, de forma extrema, o egoísmo e o egocentrismo, obtendo como resultado a crueldade, gerando na relação com os outros a violência, o desrespeito, maus-tratos, agressividade, ressentimentos, vinganças, ódio, etc.
Outra forma de vinculação pelo desamor é através da indiferença, caracterizado pela passividade. É um movimento de não nos importarmos com o que possa acontecer com as outras pessoas.
Em realidade esse movimento produz um falso bem-estar, porque ninguém  pode verdadeiramente estar bem sendo indiferente ao bem-estar dos outros ou gerando-lhes mal-estar.
Todos nós, mais ou menos intensamente, já estagiamos durante séculos nesse movimento egoico.
Essa culpa gera em nós ansiedade de consciência, fato que irá levar o indivíduo a sair de um extremo e ir para outro.
A ansiedade de consciência gera em nós pseudo consciência que nos leva à obrigação de amar o próximo, fato que gera grandes distorções na prática do aloamor.
Pessoas assim, sentem-se inquietas, culpadas por problemas sociais e por dificuldades que acontecem a outrem e julgam-se na obrigação de resolver esses problemas. Fazem isso em sentido muito profundo, que, muitas vezes, nem elas mesmas se dão conta de barganharem com Deus a salvação. Afinal, dizem para si mesmas: Fora da Caridade não a Salvação, por isso eu tenho de praticá-la para que Deus me ajude.
Outras vezes, continua na prática da filantropia com amargura, colocando-se como incompreendida em seus ideais.
Qual é a maneira correta de proceder em relação a nosso próximo?
Diante de nosso próximo podemos agir duas formas extremistas egoicas ( 1 – indiferença/crueldade; 2 – ansiedade de consciência )  e uma essencial ( equilibrada ).
O equilíbrio é o meio-termo entre os extremos em que agimos de forma autoconsciente, gerando o dever consciencial, a compaixão e a solidariedade.
A verdadeira caridade é fruto da consciência de si e não da pseudo consciência.
Livro – Psicoterapia à luz do Evangelho de Jesus. Capítulo 2  item 2 pg. 98




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